A recém-nascida Aurora Maria Oliveira Mesquita, de apenas quatro dias, está internada em estado grave na UTI neonatal da Maternidade Bárbara Heliodora, em Rio Branco, após sofrer uma lesão severa na pele durante um banho no Hospital da Mulher e da Criança Irmã Maria Inete, em Cruzeiro do Sul, no último domingo, 22.
Segundo relato do pai, Marcos Silva Oliveira, a bebê apresentou bolhas nas pernas e pés e, em seguida, a pele se descolou, gerando um quadro clínico delicado. Aurora foi transferida de UTI aérea para a capital na segunda-feira (23) e permanece entubada, mas estável, conforme boletim da Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre).
“Estou sem chão. Minha filha está aqui por conta de negligência. Ninguém ainda trouxe um especialista em queimaduras para examiná-la, e só falam da possibilidade de uma doença rara. Isso precisa ser apurado com seriedade”, afirmou o pai.
Quadro clínico e investigação
De acordo com a família, Aurora foi entubada por decisão médica para evitar sofrimento e controlar os sinais vitais. Na noite de segunda-feira, a bebê apresentou uma piora, com queda de temperatura e dificuldade para respirar, mas estabilizou na manhã desta terça (24), com batimentos cardíacos e saturação normais.
Foi coletado material para biópsia a fim de investigar se a bebê possui alguma condição genética, como epidermólise bolhosa, uma doença rara que pode provocar bolhas na pele. No entanto, os pais acreditam que se trata de uma queimadura provocada durante o banho, dado o estado da pele logo após o procedimento.
A amostra será enviada para análise fora do estado, e o laudo pode levar até 60 dias para ser concluído. Até o momento, nenhum especialista em queimaduras foi designado para acompanhar o caso.
Alta médica antes do banho
Aurora nasceu de parto normal na manhã de sábado, 21, e foi examinada por profissionais da unidade no dia seguinte, sendo liberada juntamente com a mãe. A decisão de permanecer mais algumas horas na maternidade foi motivada pelo desejo da mãe de que o primeiro banho da bebê ocorresse no local. “A pediatra deu alta. Disse que estava tudo certo. Minha esposa quis esperar o primeiro banho da bebê. Depois disso, aconteceu essa fatalidade”, contou Marcos.
A família registrou boletim de ocorrência contra o hospital e o caso será investigado pela Secretaria de Saúde do Estado e pelo Ministério Público do Acre (MP-AC), que informou que já instaurou procedimento para apurar possíveis responsabilidades.
Em nota, a Sesacre afirmou que a bebê “segue estável e sendo acompanhada pela equipe multiprofissional da UTI neonatal da Maternidade Bárbara Heliodora”. A reportagem questionou o órgão sobre a ausência de um especialista em queimaduras no atendimento, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição. (Com informações do g1 Acre)