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A B3 deu um recado direto ao produtor rural durante a abertura do Congresso Brasileiro do Agronegócio: o dinheiro de longo prazo e as ferramentas para proteger preços estão na Bolsa — e não apenas para os gigantes do setor.
O Ceo da instituição, Gilson Finkelsztain, destacou que o objetivo agora é incluir pequenas e médias empresas do agro no mercado de capitais, aproveitando o novo regime facilitado da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que simplifica o acesso para companhias com faturamento anual de até R$ 500 milhões. A medida, segundo ele, “abre uma porta concreta para que cooperativas, agroindústrias regionais e agtechs consigam captar recursos com menos burocracia e custo reduzido”.
Os números apresentados no palco reforçam a dimensão do movimento. O FIAGRO, fundo de investimento voltado ao setor, já reúne cerca de 550 mil investidores e patrimônio líquido superior a R$ 10,5 bilhões, com giro diário acima de R$ 15 milhões. As Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) somam mais de R$ 588 bilhões captados e contam com 2,2 milhões de investidores. As Cédulas de Produto Rural (CPR), consideradas vitais para financiar a produção, ultrapassaram R$ 418 bilhões em estoque, registrando alta de 32% no último ano. Já os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) alcançaram R$ 160 bilhões, consolidando-se como instrumentos relevantes na cadeia produtiva.
Além de financiar, a Bolsa também quer ampliar a gestão de riscos. Foram feitos ajustes no indicador do contrato futuro de boi gordo e lançados derivativos de café com novas regras de margem, em linha com a realidade do produtor e do mercado interno. O milho segue como o contrato mais negociado no país, refletindo o peso crescente dessa commodity tanto para exportação quanto para a pecuária.
O discurso também reforçou a importância das finanças verdes para o agro brasileiro ganhar competitividade internacional. Produtos como o CBI, CBR Verde e crédito de carbono são vistos como aliados na transição para uma produção mais sustentável e na conquista de mercados exigentes. Para a B3, responsabilidade fiscal e reformas estruturais continuam sendo condições essenciais para reduzir o custo de capital no Brasil e ampliar as oportunidades de investimento.
Segundo a direção da Bolsa, a parceria entre campo e mercado financeiro já provou ser capaz de gerar prosperidade, mas a inovação no financiamento e a inclusão dos pequenos e médios produtores são os grandes desafios daqui para frente. A mensagem final foi de confiança: com liderança, conhecimento e inovação, o agronegócio seguirá como estratégia clara para o desenvolvimento econômico do país, com a B3 atuando como ponte sólida entre o campo e o capital.