A grave situação da educação nas comunidades rurais e indígenas do Acre vai ganhar um novo capítulo de debate institucional. A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados aprovou, na quarta-feira, 11, um requerimento da deputada federal Socorro Neri (PP-AC) para a realização de uma audiência pública em Rio Branco no próximo dia 17 de junho, às 9h, no auditório da Secretaria de Educação do Estado. O objetivo é encarar de frente os gargalos históricos da educação nos rincões acreanos — sem maquiagem e sem evasivas.
A proposta surge em resposta direta à repercussão da reportagem exibida pelo Fantástico, da TV Globo, que escancarou as condições precárias de uma escola improvisada na comunidade Limoeiro, em Bujari. Crianças tendo aula em estrutura de madeira frágil, sem banheiro, sem água e sem dignidade. O caso, que chocou o país, expôs uma realidade que há muito tempo é conhecida — mas pouco enfrentada.
Segundo a deputada, é hora de romper com a naturalização da precariedade. “Eu não naturalizo uma situação como essa. É preciso garantir dignidade e qualidade na educação, sem deixar nenhum estudante para trás”, afirmou. Neri quer reunir gestores, órgãos de controle e representantes de comunidades escolares para discutir soluções concretas — e cobrar providências.
Atualmente, o Acre possui 260 anexos escolares, estruturas provisórias em áreas rurais ou de difícil acesso, sendo que metade deles atende a menos de seis alunos. “É uma realidade dinâmica, mas isso não pode ser desculpa para a oferta de ensino em condições subumanas. É possível garantir o direito à educação com qualidade, segurança e respeito à dignidade”, reforçou a parlamentar.
O seminário contará com a presença da Secretaria de Educação do Estado do Acre, Ministério Público Estadual, Tribunal de Contas do Estado, Conselho Estadual de Educação, Assembleia Legislativa, UNDIME, UNCME, Secretaria de Povos Indígenas, entre outros convidados.
Com foco na construção coletiva, Socorro Neri afirmou que a audiência não será um ato isolado: “Essa é uma situação histórica. Mas estamos assumindo a responsabilidade de corrigi-la com união. A educação no Acre exige um esforço conjunto e imediato”.
A expectativa é que o evento sirva não apenas como espaço de denúncia e reflexão, mas como ponto de partida para um plano real de ação — que ultrapasse discursos e enfrente o abandono secular da educação rural e indígena no estado. (Com informações da assessoria)