EDITORIAL
A decisão do governo de São Paulo de suspender unilateralmente os benefícios fiscais para empresas acreanas que atuam nas áreas de livre comércio é mais do que um desrespeito ao Acre — é um ataque à integridade federativa e à economia das regiões de fronteira da Amazônia.
As áreas de livre comércio de Brasileia e Cruzeiro do Sul não são favores nem privilégios. São conquistas históricas, fruto de décadas de articulação política, social e econômica para compensar a ausência de infraestrutura, a distância dos grandes centros e os desafios impostos pela logística amazônica. Representam uma política de Estado, não uma cortesia do Sudeste.
A atitude do governador Tarcísio de Freitas afronta a legislação federal e ignora completamente os impactos que essa medida causará na base da economia regional. Ao interromper a concessão dos incentivos, São Paulo fere um pacto construído com equilíbrio e responsabilidade, que vem sendo respeitado por sucessivos governos, mesmo durante períodos turbulentos de reforma tributária.
O Acre não pode aceitar calado. É hora de a Assembleia Legislativa, o Governo do Estado e a bancada federal atuarem em bloco. Não se trata apenas de defender empresários locais, mas de proteger empregos, a arrecadação e a soberania econômica de municípios que dependem desses incentivos para competir em mínima igualdade.
A Federação brasileira só se sustenta com respeito mútuo entre os entes que a compõem. Quando um estado ignora isso e impõe sua força sobre os demais, rompe-se a lógica de cooperação que sustenta o país. O Acre precisa reagir. E O CORREIO estará na linha de frente desta defesa.