Aprosoja Rondônia propõe modelo de organização para fortalecer o agro no Acre

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Foto: Assessoria Faeac

Em uma das falas mais aguardadas da penúltima noite da Expoacre 2025, o Diretor Executivo da Aprosoja Rondônia, Victor Paiva, fez um chamado direto aos produtores rurais do Acre: “se organizem”. Convidado para dialogar com representantes do setor agrícola durante a feira, Paiva compartilhou a experiência de atuação da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Rondônia e defendeu a urgência da criação de uma entidade semelhante no Acre. Segundo ele, a força da representatividade pode mudar o destino de pequenos e médios agricultores.

“A necessidade do setor aqui também se organizar é urgente. Para que uma associação surja nesse sentido e os produtores se sintam representados. Demanda é o que não falta”, declarou.

Ao apresentar a forma como a Aprosoja opera em Rondônia, Victor deixou claro que, embora vivamos em estados onde a política está sempre presente, a associação mantém seu compromisso com a neutralidade partidária. Segundo ele, o estatuto da entidade é claro: a atuação é política institucional, e não partidária.

“A gente trabalha com órgãos públicos, instituições privadas, Assembleia Legislativa, governo federal, bancada… Mas quem quiser seguir por um caminho político-partidário, tem que se afastar. Porque a representatividade é muito séria”.

Embargos, moratória e um setor doente

Victor Paiva não mediu palavras ao falar da gravidade do momento vivido pelo setor agrícola na Amazônia. Ele reconheceu que Rondônia também sofre com a insegurança jurídica, embargos ambientais, moratória e o atraso nos zoneamentos. Mas alertou que o isolamento dos produtores é um dos principais entraves para enfrentar o problema.

“Se o produtor continuar sozinho, dificilmente vai resolver. O zoneamento de vocês aqui, do Acre, parece que foi atualizado em 2016. Em Rondônia, tá parado há 25 anos. A situação está doente. E a única cura possível é a organização.”

Sobre a regularização fundiária, Victor foi direto: o Estado precisa assumir sua responsabilidade. As áreas de domínio estadual precisam ser regularizadas pelo próprio governo do estado. Já as áreas federais são com o Incra. E é aí que entra a força institucional da associação. Sozinho, o produtor não sobe esses degraus.”

“O foco da Aprosoja não são os grandes, são os pequenos”

A pergunta final da entrevista abriu caminho para o ponto mais sensível da conversa: a percepção de que a Aprosoja atende apenas os grandes produtores. Victor rebateu com firmeza e emoção. “Ótima essa pergunta. O objetivo principal da Aprosoja são os pequenos. Lá em Rondônia, 20 a 25% dos nossos associados têm 30, 80, 150 hectares. Eles precisam de tudo: máquina, secador, caminhão. Precisam da união.”

Apesar dos grandes produtores influenciarem o funcionamento e financiarem parte da estrutura da associação, os maiores beneficiados, segundo Victor, são os pequenos. “Quem se organiza, sobrevive. Quem está só, vai continuar apanhando. E o Acre tem tudo para mudar esse jogo”, finalizou.

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