Após impasse interno, Cesário desiste e Kamai deve liderar o PT no Acre

Foto Reprodução

Em carta pública, Cesário Braga anuncia retirada da candidatura para evitar divisões internas; decisão abre caminho para liderança de André Kamai, com aval de Jorge Viana

O petista Cesário Braga oficializou nesta quarta-feira (25) sua desistência da candidatura à presidência estadual do Partido dos Trabalhadores no Acre. A decisão, divulgada por meio de carta aberta, ocorre após tensões internas e declarações públicas do ex-governador Jorge Viana, que indicou desconforto com a possibilidade de ver Cesário na liderança da legenda.

A retirada da candidatura acontece a pouco mais de um ano das eleições municipais e num momento em que o PT tenta reorganizar sua base política no estado. Segundo informações do ex-governador repassadas à imprensa, o vereador André Kamai deve assumir a presidência do partido no Acre, com apoio da direção nacional e da ala majoritária local.

O gesto de Cesário é visto como uma tentativa de evitar um racha interno. “Não serei motivo de divisões internas”, escreveu o petista. Na nota, ele reconhece que a condução política do partido até 2026 caberá a Jorge Viana, pré-candidato ao Senado e uma das principais lideranças do PT no estado.

O mal-estar entre as correntes do partido vem desde 2018, quando setores liderados por Cesário defenderam candidaturas simultâneas de Jorge Viana e Ney Amorim ao Senado, o que terminou em derrota nas urnas. Recentemente, em entrevista ao colunista político Luis Carlos Moreira Jorge (Crica), Jorge Viana afirmou que “quem destruiu o PT quer voltar”, em crítica indireta a Cesário.

Apesar do recuo, Cesário reafirmou seu compromisso com o partido, com o governo Lula e com sua militância histórica. Ele também confirmou sua pré-candidatura a deputado estadual em 2026. “Permaneço nas fileiras do PT com o mesmo compromisso de sempre: com o povo do Acre, com a nossa militância, com os movimentos sociais e com o presidente Lula”, escreveu.

Ao final da carta, o petista conclama a militância a manter viva a luta por justiça social. “Sigo em frente com a mesma fé de sempre: a de que um outro Brasil, um outro Acre e um outro PT são possíveis”, finalizou.

Leia a carta na íntegra

Companheiras e companheiros,

Como sempre disse, o que mais desejo é paz. Quando coloquei meu nome à disposição para presidir o PT do Acre, fiz isso com o sincero intuito de contribuir com este que é o maior partido do Brasil, ajudando a recolocar a militância no centro da construção política e partidária.

Nos últimos dias, dialoguei com diversos companheiros e companheiras que expressaram preocupações em relação às declarações do companheiro Jorge Viana, manifestando sua indisposição em construir essa caminhada comigo à frente da presidência estadual do PT.

Conversei com Jorge sobre os desafios e responsabilidades que cada um de nós deverá assumir daqui pra frente. E, diante desse cenário, num momento em que a unidade partidária é fundamental, quero afirmar com clareza: não serei motivo de divisões internas. Por isso, venho a público renunciar à minha candidatura à presidência do PT do Acre.

Compreendo que, a partir de agora, caberá ao nosso pré-candidato ao Senado, Jorge Viana, a condução política do partido até 2026. Não recairá sobre mim — tampouco sobre os companheiros e companheiras que estiveram ao meu lado — qualquer responsabilidade por eventuais resultados adversos.

A mim caberá seguir firme, trabalhando no governo do presidente Lula e ajudando a construir os alicerces para uma futura candidatura a deputado estadual — tarefas que o Partido me confiou e que honrarei com dedicação.

Permaneço nas fileiras do PT com o mesmo compromisso de sempre: com o povo do Acre, com a nossa militância, com os movimentos sociais e com o presidente Lula.

Peço a compreensão de todos e todas. Sigo em frente com a mesma fé de sempre: a de que um outro Brasil, um outro Acre e um outro PT são possíveis. A luta por justiça social não pode parar.

Do seu companheiro de todas as horas, Cesário Braga.

Saudações militantes, aqueles que ainda sonham com justiça social.

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