Produto nutritivo, produzido localmente e cheio de potencial, o mel ainda não integra a alimentação das escolas públicas do Acre. Apicultores cobram incentivo e sugerem parceria com o governo para mudar esse cenário.
Durante a Expoacre 2025, uma fala simples, mas poderosa, do apicultor e líder de classe Hamilton Hosbach acendeu um alerta: o Acre produz mel de alta qualidade, mas esse produto ainda não chega às escolas públicas como parte da merenda escolar.
“É o alimento mais completo que existe. Por que ele não está na merenda das nossas crianças?”, questionou Hamilton, que representa apicultores de diferentes regiões do estado. Para ele, o mel não é apenas um alimento nutritivo, mas também uma oportunidade de conectar educação, saúde e valorização da produção local.
Segundo dados do setor, o Acre consome cerca de nove toneladas de mel por ano, mas parte desse produto ainda vem de fora. Ao mesmo tempo, muitos produtores enfrentam dificuldades para expandir sua atuação, por falta de incentivo, crédito e acesso a mercados institucionais. Incluir o mel na merenda seria, segundo Hamilton, uma saída inteligente: gera renda para os produtores, melhora a alimentação nas escolas e cria uma cultura de valorização da biodiversidade local.
Além da merenda, o apicultor também defende a inclusão do mel em programas de saúde, como em hospitais, creches e centros de recuperação. “Não estamos pedindo favor. Estamos propondo uma política pública com base em ciência, tradição e potencial econômico. O que falta é vontade política para tirar isso do papel.”
A proposta é apresentar uma carta de intenção ao governo do Estado e à Secretaria de Educação, com apoio da Secretaria de Agricultura, sugerindo a criação de um programa piloto. A iniciativa também dialoga com escolas de pedagogia de alternância, como a GEAMP e a Escola Família Agrícola, que já trabalham com filhos de produtores e podem ser espaços estratégicos para ensinar e praticar a apicultura desde cedo.