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Presidente da Apex revelou, durante o 24º Congresso Brasileiro do Agronegócio, em São Paulo, que a agência abrirá base estratégica na capital norte-americana para proteger o agro brasileiro das tarifas impostas pelos Estados Unidos
O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), Jorge Viana, anunciou em primeira mão, na segunda-feira, 11, a abertura de um escritório da instituição em Washington (EUA) para atuar na defesa comercial do agronegócio e de outros setores exportadores diante das recentes tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros.
O anúncio foi feito no palco do 24º Congresso Brasileiro do Agronegócio, organizado pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) em parceria com a B3, no Sheraton WTC, em São Paulo — o maior evento do setor no país, que este ano tem como tema “Agroalianças”.
“Com esse escritório lá, vamos trabalhar exclusivamente em uma pauta que defendo: retirar alimentos dessa tarifa já seria um bom caminho, porque isso atende o consumidor americano diretamente e o agro-brasileiro”, afirmou Viana, diante de governadores, líderes empresariais e autoridades internacionais presentes no congresso.
A nova base será apoiada por duas consultorias renomadas e funcionará como ponto de articulação com representantes do governo norte-americano, empresas e entidades de interesse mútuo.
Segundo Viana, a Apex manterá suas unidades em Miami, Nova York e São Francisco, mas a de Washington terá papel exclusivo na defesa comercial e diplomática. A estratégia também inclui pressionar por isenção de produtos que os EUA não produzem internamente, abrindo espaço para exportadores brasileiros.
O café como exemplo
No discurso, Viana citou o café como um dos principais produtos que poderiam se beneficiar da retirada das tarifas. Os EUA importam 24 milhões de sacas por ano — sendo 8 milhões do Brasil — e transformam esse volume em uma cadeia produtiva que representa 1,2% do PIB americano, movimentando mais de US$ 300 bilhões.
“Eles multiplicam por 43 vezes o valor da saca de café verde seca que compram. É um mercado que toma mais café do que água. É um exemplo claro de onde podemos ter aliados dentro dos EUA para mudar a atual política tarifária”, ressaltou.
Viana destacou ainda que os estados mais afetados pelas tarifas impostas pelos EUA estão no Sudeste. São Paulo responde sozinho por 30% das exportações brasileiras para o mercado norte-americano, enquanto o Sudeste concentra 70% desse comércio. “Precisamos de união e integração para defender nossos produtos”, disse o presidente da Apex.
O presidente da Apex lembrou também que, no terceiro mandato de Lula, o Brasil abriu 400 novos mercados e manteve um desempenho histórico no comércio exterior, com 14 setores do agro batendo recorde em 2024. Entre as próximas agendas, estão encontros empresariais na Indonésia, Malásia e o maior evento comercial já realizado pelo Brasil na Índia, previsto para janeiro de 2026.