O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, durante participação no Encontro de Prefeitas e Prefeitos da Amazônia Legal, realizado em Belém (PA) nos dias 23 e 24 de abril, voltou a destacar que não se pode falar em preservação da Amazônia sem considerar a dignidade das populações que vivem nela.
O evento reúne gestores municipais da região para discutir estratégias conjuntas de enfrentamento à crise climática, tendo como pano de fundo a realização da COP30, em outubro, no Brasil. A abertura foi conduzida pelo secretário nacional do Ministério do Meio Ambiente, Adalberto Maluf, e contou com a presença de representantes da SUDAM, embaixadas e entidades multilaterais como a OTCA.
Floresta viva, povo invisível?
Bocalom apontou a contradição entre o discurso global de preservação e a realidade das comunidades amazônicas. “Fala-se muito em proteger a floresta para atrair recursos dos países ricos, mas é necessário lembrar que há seres humanos vivendo nela”, afirmou o prefeito, citando casos dramáticos de moradores de áreas isoladas do Acre que enfrentam dias de travessia em rede e barco para ter acesso à saúde — e, em alguns casos, sequer chegam com vida.
O prefeito defendeu que políticas ambientais sejam descentralizadas, e que os municípios — onde os impactos das mudanças climáticas são sentidos diretamente — tenham voz na formulação e execução de ações financiadas por fundos climáticos internacionais.
Acompanhado da secretária municipal de Meio Ambiente, Flaviane Stedille, o prefeito apresentou ações práticas de sua gestão, como:
– Recuperação de 23 hectares de Áreas de Preservação Permanente (APPs) com o plantio de mais de 15 mil mudas;
– Desobstrução do Igarapé São Francisco, após 20 anos sem intervenções;
– Substituição das multas por queimadas por ações educativas;
– Redução de queimadas urbanas e rurais: de 2.700 em 2020 para menos de 712 em 2024;
– Requalificação de áreas verdes urbanas, como o Horto Florestal, o Parque Chico Mendes e o Parque Capitão Ciríaco — o único seringal nativo em área urbana na Amazônia.
Em relação ao saneamento básico, Bocalom anunciou que Rio Branco está saindo de 2,2% para 42% de cobertura de esgoto tratado até o final de 2025, o que, segundo ele, representa um salto civilizatório para a capital acreana.
POR JOÃO LUCAS