Foto: Polícia Civil/GO
A violência no campo ganhou novos contornos em 2025. Dados do Grupo Tracker, empresa especializada em rastreamento, apontam que os roubos e furtos de máquinas agrícolas tiveram um salto de 37,5% no primeiro semestre do ano, em comparação com o mesmo período de 2024.
O levantamento mostra que o alvo dos criminosos não se limita a tratores, pulverizadores e plantadeiras. As caminhonetes também entraram na mira, com aumento de 22,8% nos registros. Entre os modelos mais visados, a Toyota Hilux a diesel se destaca como moeda valiosa no mercado ilegal, utilizada para clonagem, desmanche e até troca no comércio clandestino no Paraguai.
Furtos predominam no campo
Segundo especialistas, o furto é o crime mais comum nas áreas rurais, uma vez que a pena é mais branda e a identificação dos responsáveis é mais difícil. Na prática, muitos delitos só são percebidos dias depois, especialmente quando os criminosos agem durante fins de semana ou em locais afastados.
“O campo oferece condições propícias para a ação criminosa. Máquinas de alto valor ficam em áreas de grande extensão, muitas vezes sem vigilância adequada. Isso torna a logística do crime mais fácil e a recuperação dos bens mais difícil”, explica Vitor Corrêa, gerente de Comando e Monitoramento do Grupo Tracker.
O destino dos equipamentos roubados
Após o crime, as máquinas agrícolas passam por descaracterização — com retirada de placas, adesivos e demais identificações. Muitas acabam revendidas em estados como Goiás, Paraná, São Paulo e Mato Grosso, ou permanecem escondidas em propriedades privadas, o que dificulta a localização pela polícia.
No caso das caminhonetes, além do uso no transporte de cargas e peças, os veículos têm alto valor no mercado de peças ilegais e no esquema de clonagem. A travessia de fronteira é outro fator: muitas unidades acabam no Paraguai, funcionando como moeda de troca no comércio ilícito.
Prevenção: o grande desafio
O aumento dos crimes reacende o debate sobre segurança no campo. Especialistas recomendam que produtores invistam em travas de segurança, bloqueadores de combustível, retirada da bateria quando não há uso, portaria 24 horas e, sobretudo, rastreamento em tempo real.
“A prevenção precisa ser encarada como parte da gestão rural. Quanto mais visível e monitorada for a máquina, menores são as chances de ela se tornar alvo”, reforça Corrêa.
Alerta permanente
A escalada da violência rural evidencia um cenário que exige atenção redobrada do setor produtivo e das autoridades. Em um país onde o agronegócio é motor da economia, a falta de segurança ameaça não apenas o patrimônio dos produtores, mas também a estabilidade de toda a cadeia produtiva.