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No 24º Congresso Brasileiro do Agronegócio, o painel “Alimentos, Energia e Inovação” reuniu, sob a mediação do jornalista William Waack, quatro vozes de peso do setor: Alfredo Miguel (John Deere), Gilberto Tomazoni (JBS), Márcio Santos (Bayer CropScience Brasil) e Larissa Varroites (Cebri). O debate abordou desde gargalos históricos da produção até disputas geopolíticas que influenciam diretamente a competitividade do agro brasileiro.
Abrindo as falas, Alfredo Miguel defendeu que o país precisa de um plano estratégico de curto, médio e longo prazos para resolver problemas estruturais como crédito, irrigação e armazenagem, que se arrastam há décadas. Ele propôs a união das principais entidades representativas do setor para levar ao governo uma pauta única, capaz de alinhar políticas públicas à nova ordem global.
Gilberto Tomazoni concentrou sua análise nas barreiras ambientais impostas por mercados como o europeu, especialmente nas regras de medição de emissões de carbono na pecuária. Segundo ele, o cálculo ignora a captura de carbono dos sistemas integrados brasileiros, prejudicando injustamente o país. Para o CEO da JBS, a COP30 será uma oportunidade estratégica para mostrar ao mundo, com dados concretos, que o Brasil é parte da solução climática e não do problema.
Para Márcio Santos, preservar a força do agro exige proteger o “ambiente institucional” construído ao longo de 50 anos, que sustentou a revolução da agricultura tropical. Ele alertou que a abundância conquistada pode gerar disputas internas e ameaçar pilares como segurança jurídica, crédito e regulação. A saída, segundo ele, está em um pacto entre os principais atores do setor para blindar essas conquistas.
Encerrando o painel, Larissa Varroites trouxe a perspectiva internacional. Ela apontou que a China, embora hoje dependa fortemente da soja brasileira, já busca reduzir essa dependência e diversificar fornecedores. Para a especialista, o Brasil deve ampliar sua rede de mercados, mantendo grandes compradores e apostando também na exportação de tecnologia agrícola como diferencial competitivo.
O consenso no palco foi claro: diante da instabilidade geopolítica e das novas exigências de sustentabilidade, o agro brasileiro precisa unir forças, investir em inovação e garantir presença ativa nos fóruns internacionais para preservar e ampliar seu protagonismo global.