Foto: Portal Correio online
A série especial “Agricultura à Deriva” segue revelando a realidade da agricultura familiar no Acre. No terceiro capítulo, a denúncia vai além da dificuldade de plantar e vender: a produção que deveria chegar às mesas de escolas, creches e famílias pode acabar se perdendo no campo.
No quilômetro 26 da Transacreana, a equipe do Correio Online ouviu agricultores que, mesmo produzindo hortaliças de qualidade, convivem com a frustração de ver parte da colheita virar desperdício. “Vocês estão vendo aqui, o alface, a couve, o cheiro-verde… tudo estragando. O programa de merenda escolar está comprando cada vez menos, infelizmente. É dinheiro jogado fora e alimento que não chega a quem precisa”, lamenta Anderson Negreiros.
Marlon, também agricultor da região, reforça a preocupação. Em entrevista exclusiva, ele lembra que o impacto da desistência de pequenos produtores não se resume ao drama individual. “Se a gente parar, quem vai sofrer é a população. Vai faltar abastecimento nas escolas e também nas casas. A agricultura familiar é quem coloca comida na mesa. Se a gente não aguenta continuar, todo mundo perde”, alerta.
O presidente do Sinpasa, Jozimar Ferreira, afirma que a responsabilidade é do poder público municipal. “Temos escolas, creches, restaurantes populares e até programas sociais que poderiam estar sendo abastecidos com essa produção. Mas a Prefeitura prefere fechar contratos com grandes fornecedores, deixando de lado quem está no ramal, trabalhando e produzindo. O resultado é desperdício no campo”, denuncia.
No próximo episódio da série “Agricultura à Deriva”, o Correio Online mostra como a falta de perspectiva tem levado agricultores a pensar em desistir da atividade, empurrando famílias inteiras para o êxodo rural.