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O que era para ser uma agenda institucional se transformou em caso de violência e abuso de poder em Macapá no domingo, 17. Durante uma visita às obras do Hospital Municipal, na zona norte da capital, o prefeito da cidade, Dr. Furlan (MDB), agarrou pelo pescoço um dos integrantes de uma equipe de reportagem que fazia perguntas sobre a duração da obra. A cena foi registrada em vídeo e viralizou nas redes sociais, gerando forte repercussão nacional.
A confusão envolveu o jornalista Iran Froes e outros dois integrantes da equipe de Heverson Castro, comunicador conhecido por fazer críticas constantes à gestão municipal. Após o confronto, a Guarda Municipal deteve o grupo e os conduziu à Delegacia da Mulher, sob alegação de que duas servidoras da prefeitura também teriam sido agredidas verbalmente durante a cobertura.
A versão oficial da prefeitura sustenta que os jornalistas interromperam a agenda, ofenderam o prefeito e tentaram agredi-lo fisicamente. No entanto, as imagens divulgadas até o momento mostram o prefeito partindo fisicamente contra o profissional de imprensa, em ato de evidente descontrole.
Heverson Castro, jornalista à frente da equipe, também foi detido. Seu advogado, Maurício Pereira, afirmou que os detidos foram vítimas, não agressores, e que os vídeos provam que houve abuso por parte das autoridades municipais. Segundo ele, os profissionais foram algemados de forma arbitrária e levados em um camburão como criminosos, quando estavam apenas exercendo o direito constitucional à liberdade de imprensa.
A atitude do prefeito foi repudiada pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), que divulgou nota pública condenando qualquer forma de violência contra jornalistas. Para a presidente da entidade, Katia Brembatti, é inadmissível que uma autoridade eleita reaja com agressão diante de questionamentos legítimos feitos por profissionais de imprensa. “Uma autoridade, um político eleito que representa a sociedade precisa ter uma postura adequada ao cargo. É inadmissível qualquer reação que envolva violência”, afirmou.
A nota oficial da Prefeitura de Macapá afirma que medidas legais estão sendo tomadas contra os jornalistas. O texto, no entanto, não menciona o uso da força física por parte do prefeito, tampouco reconhece o direito da imprensa de acompanhar e questionar obras públicas financiadas com dinheiro da população.
O caso será encaminhado para apuração do Ministério Público e de entidades de defesa da liberdade de expressão. Até o momento, o prefeito Dr. Furlan não se pronunciou diretamente sobre o vídeo que mostra a agressão.