Construir no Acre nunca custou tanto. De acordo com os dados mais recentes do Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), divulgados pelo IBGE, o estado alcançou em março o metro quadrado mais caro do país, superando todas as demais unidades da federação, inclusive grandes polos urbanos como São Paulo, Santa Catarina e Distrito Federal.
O custo médio da construção no Acre chegou a R$ 2.069,71 por metro quadrado, um salto de 4,11% em relação a fevereiro, quando o valor estava em R$ 1.988,06. A variação acumulada em 2025 já é de 4,94%, e no comparativo com os últimos 12 meses, o aumento atinge 9,19%.
Enquanto a média do país ficou em R$ 1.810,25, e a da Região Norte em R$ 1.879,34, o Acre ultrapassou todos os índices, ocupando o topo do ranking nacional. Santa Catarina, tradicionalmente entre os estados com os maiores custos, ficou na segunda colocação com R$ 2.057,33. Sergipe, no outro extremo, registrou o menor valor: R$ 1.607,93 por metro quadrado.
Especialistas apontam múltiplos fatores que influenciam o alto custo no estado. Entre eles estão: dificuldade logística para transporte de materiais; alta carga tributária sobre insumos e serviços; escassez de mão de obra especializada, que pressiona salários para cima; infraestrutura urbana limitada, que encarece obras em áreas com menos acesso; especulação imobiliária em determinadas regiões da capital e municípios vizinhos.
Outro ponto citado pelo IBGE como fator indireto é a desoneração da folha de pagamento no setor da construção civil, que teria afetado a estrutura de custo de parte das empresas — embora o impacto não tenha sido o mesmo em todos os estados.
Reflexos no setor
O aumento do custo já afeta o setor da construção local. Construtoras de médio porte admitem que a elevação dos preços dificulta a finalização de empreendimentos previstos e torna novos lançamentos menos atrativos.
“Estamos vendo uma desaceleração no ritmo das obras. Os orçamentos previstos no ano passado já estão defasados. É impossível manter o mesmo cronograma com esse impacto acumulado”, afirma um empresário do setor, sob anonimato.