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O governo federal anunciou a liberação de R$ 12 bilhões para a renegociação de dívidas rurais em todo o país, e o Acre desponta como um dos estados que mais podem se beneficiar da iniciativa. A Medida Provisória assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva abre espaço para que agricultores familiares, médios e grandes produtores consigam regularizar débitos acumulados nos últimos anos e retomem o acesso a crédito rural, hoje comprometido pela inadimplência.
No Acre, a vulnerabilidade climática tem deixado marcas profundas na produção agrícola. Secas prolongadas, enchentes recorrentes e prejuízos com a logística dificultaram o cumprimento de contratos de financiamento, empurrando milhares de produtores para a inadimplência. Em diversas regiões do interior, como no Vale do Juruá e na bacia do Purus, agricultores relataram perdas consecutivas de safra, o que inviabilizou a quitação das parcelas. Com a nova MP, contratos de crédito poderão ser renegociados em condições diferenciadas, com prazos mais longos e juros menores.
A proposta federal prevê que os produtores terão até nove anos para quitar os valores renegociados, com direito a um ano de carência. Agricultores familiares enquadrados no Pronaf poderão refinanciar até R$ 250 mil, enquanto médios produtores terão acesso a até R$ 1,5 milhão e os demais poderão chegar a R$ 3 milhões. As taxas de juros variam entre 6% e 10% ao ano, abaixo do praticado no mercado. Um dos critérios centrais para adesão é estar em município que tenha decretado calamidade pública por eventos climáticos ao menos duas vezes entre 2020 e 2025, situação que se repete em vários municípios acreanos.
Sem a renegociação, muitos produtores correm risco de perder propriedades ou de abandonar a atividade. Além do alívio imediato nas dívidas, a regularização devolve acesso ao crédito do Plano Safra, essencial para custear insumos, contratar mão de obra e manter a produção em atividade.
A iniciativa, chamada de “Desenrola Rural 2”, dá continuidade ao programa lançado no início do ano voltado apenas para a agricultura familiar, que já beneficiou mais de 170 mil agricultores em todo o Brasil. Agora, a abrangência é maior e inclui produtores de diferentes portes, todos afetados pela instabilidade climática. No Acre, onde os efeitos da crise ambiental se somam a desafios de infraestrutura e escoamento, a ação chega como um sopro de esperança para quem vê no campo a principal fonte de renda.