Foto: Ilustrativa
Enquanto o comércio brasileiro recuou no terceiro trimestre de 2025, o Acre surpreendeu o país ao registrar o melhor desempenho entre todas as unidades da federação. Dados do Índice do Varejo Stone (IVS) mostram que as vendas no estado cresceram 6,5% em relação ao mesmo período do ano passado, contrariando o cenário nacional de retração de 0,5%.
O resultado coloca o Acre à frente de estados como Amapá (5,1%) e Espírito Santo (4%), que completam o pódio do crescimento. Para um estado de economia pequena e ainda fortemente dependente do setor público, o avanço do comércio varejista é um sinal claro de recuperação do consumo local e reorganização da atividade produtiva.
De acordo com o levantamento, 15 estados brasileiros tiveram retração nas vendas — entre eles, Rio Grande do Norte (-4,8%) e Alagoas (-3,8%) — enquanto Pernambuco e Bahia mantiveram estabilidade. O Acre, em contrapartida, mostra uma curva de desempenho positiva desde o início do ano, refletindo o aquecimento do comércio em Rio Branco e no interior, impulsionado por políticas de crédito, maior circulação de renda e investimentos públicos recentes.
Entre os segmentos que mais cresceram no trimestre, o destaque nacional foi o de livros, jornais, revistas e papelaria, com alta de 6,9%. No Acre, o avanço também foi sentido nos setores de materiais de construção (4,2%), móveis e eletrodomésticos (2,6%), combustíveis e lubrificantes (0,8%) e artigos farmacêuticos (0,7%). O comportamento do consumidor indica uma retomada gradual da confiança e do poder de compra das famílias.
Especialistas apontam que o desempenho do estado pode estar relacionado à baixa base comparativa dos anos anteriores, mas também a mudanças estruturais no perfil do consumo acreano. O fortalecimento do comércio digital, a ampliação das redes de varejo e o crescimento de pequenas empresas de base familiar têm contribuído para descentralizar a economia, gerando um ciclo virtuoso que começa a aparecer nas estatísticas.
Em um contexto nacional de incerteza econômica e juros ainda altos, o resultado acreano funciona como um ponto fora da curva, revelando o potencial de resiliência de mercados locais que, mesmo com menos infraestrutura e menor renda média, encontram caminhos próprios para crescer.
