O Anuário 2024 da Polícia Rodoviária Federal (PRF) confirma que o Acre registrou 287 acidentes em suas duas rodovias federais — as BR‑364 e 317. Desse total, 89 foram classificados como graves, resultando em 357 feridos e 20 vidas perdidas. A BR‑364, corredor vital que liga Rio Branco a Cruzeiro do Sul e ao restante do país, aparece entre as dez estradas brasileiras com maior número de sinistros atendidos e também figura no “top 10” de feridos e de óbitos.
Serviços e Informações do Brasil
Comparativo nacional – o Brasil somou 73.156 acidentes e 6.160 mortes (taxa de 2,9/100 mil), o que coloca o Acre ligeiramente abaixo da média de letalidade, mas próximo do índice de ocorrências.
Quem mais se machuca — e por quê
– Motociclistas concentram 62 % dos feridos (222) e 40 % das mortes (8).
Fator de risco: alta exposição do condutor e uso insuficiente de EPI nas zonas rurais.
– Veículos de passeio: 89 feridos e 11 óbitos — quadro que reforça a necessidade de reforço nas barreiras de fiscalização de velocidade.
– Caminhões: 7 acidentes, 9 feridos e 1 morte; ainda assim, representam carga de alto impacto quando o sinistro ocorre na pista simples da BR‑364.
Ondas de imprudência
A PRF lavrou 9.942 autuações em 2024, 0,1 % acima do ano anterior. Quatro condutas respondem por quase 30 % das multas:
1. Não uso do cinto de segurança – 996
2. Ultrapassagem proibida – 444
3. Recusa ao bafômetro – 306
4. Excesso de velocidade – 253
A corporação atribui o leve aumento a fiscalizações mais extensas durante feriados prolongados, como a Operação Semana Santa/Tiradentes, quando também foi lançado o anuário.
ac24horas
“Ponto cego” da BR‑364
Especialistas em infraestrutura alertam que o trecho Rio Branco–Feijó continua reunindo o maior volume de colisões traseiras, em parte pelo desnível do acostamento e pela falta de terceira faixa em subidas longas. O engenheiro civil André Costa, da UFAC, defende um projeto de rota 2 + 1 — uma pista adicional reversível — para reduzir riscos onde a duplicação completa é inviável a curto prazo.
Já o inspetor Marcelo Barbosa, superintendente da PRF no estado, afirma que a corporação estuda usar drones térmicos para vigiar ultrapassagens durante a noite e multar em flagrante motoristas que trafegam com faróis apagados em zona urbana da BR‑364.
A curva que podemos mudar
Embora os acidentes tenham crescido apenas 0,3 % em relação a 2023, o número de mortos se manteve (20), frustrando a meta do Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões (Pnatrans) de cortar 50 % das vítimas fatais até 2028.
Segundo o consultor em segurança viária Fernando Diniz, do Observatório Nacional de Trânsito, “a queda consistente depende de políticas de Visão Zero: redução de velocidade em pontos críticos, sinalização diurna em motos e maior controle de fadiga nos caminhoneiros que cruzam o estado”.
Foto: Juan Diaz/Arquivo pessoal