Acre foi o estado mais atingido por desastres climáticos em 2024

Foto: Arquivo/Secom

O estado do Acre viveu em 2024 o maior desastre climático de sua história. Dados do Atlas Digital de Desastres no Brasil, divulgado pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), mostram que mais de 1,25 milhão de pessoas foram diretamente afetadas pelas enchentes, alagamentos e deslizamentos de terra no estado.

Ao todo, 185.222 pessoas ficaram desalojadas ou desabrigadas, com destaque para os municípios de Rio Branco (67.776), Brasiléia (32.667) e Sena Madureira (20.818). O número de óbitos chegou a 13, enquanto 442 pessoas ficaram feridas e mais de 52 mil adoeceram por conta dos eventos extremos. O prejuízo econômico total ultrapassou R$ 1,2 bilhão, sendo o dano material estimado em R$ 2 bilhões.

A capital Rio Branco concentrou o maior impacto: foram 648.658 pessoas afetadas, 385 feridos, 26.055 enfermos e danos materiais que superam R$ 1,3 bilhão, com um prejuízo estimado em R$ 66,8 milhões. O nível do Rio Acre chegou a 17,89 metros no mês de março — a segunda maior marca já registrada desde 1971.

No Alto Acre, Brasiléia e Epitaciolândia também viveram dias críticos. Só Brasiléia registrou mais de 100 mil afetados e prejuízo superior a R$ 139 milhões. Em Cruzeiro do Sul, seis mortes foram contabilizadas, com mais de 11 mil desalojados e R$ 167 milhões em perdas econômicas.

Cidades menores, como Jordão, também enfrentaram dificuldades: duas mortes, quase 9 mil desalojados e mais de R$ 23 milhões em prejuízos. O isolamento geográfico dificultou o socorro e o atendimento às comunidades.

Pelo menos 23 comunidades indígenas foram diretamente atingidas, muitas delas com perda total de roças, estoques de alimentos e acesso comprometido à saúde básica. Em áreas urbanas, os alagamentos causaram danos irreparáveis em escolas, centros de saúde e pontes, afetando inclusive o abastecimento de água potável.

Panorama nacional e alerta climático

Em todo o Brasil, 2024 foi o ano com maior número de pessoas desabrigadas e desalojadas desde 1991. O Acre, proporcionalmente à sua população, liderou os indicadores de impacto humano. Especialistas apontam que o fenômeno é consequência do agravamento das mudanças climáticas aliado à ausência de infraestrutura resiliente e planejamento urbano nos estados da Amazônia Legal.

Foto: Arquivo/Secom

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