Acre continua entre os campeões de malária, apesar de queda nacional expressiva

Foto: Internte

Malária recua no Brasil, mas o Acre segue em estado crítico: queda nacional de 27 %, mas no estado só 8 % — entenda os desafios que permanecem.

O Brasil teve uma queda de 26,8% no número de casos de malária no primeiro trimestre de 2025, entretanto o estado do Acre chama a atenção. Apesar do leve recuo nos números, o estado está entre os principais focos da vigilância do Ministério da Saúde, que determinou a execução de um programa para impedir possíveis surtos em áreas críticas da Amazônia.

Nos três primeiros meses do referido ano, foram registradas 25.473 ocorrências no país, em comparação com 34.807 no mesmo período de 2024. O declínio foi semelhante ao nível de mortalidade, com 27% menos falecimentos inscritos. No entanto, entre janeiro e abril, o número total de diagnósticos brasileiros recentes chegou a cerca de 34 mil, diminuindo em 25% em comparação com o mesmo período de 2023.

No Acre, os números oficiais mostram que, entre 1º de janeiro e 15 de abril de 2025, 1.355 casos autóctones foram notificados, indicando uma queda de 8,2% em relação aos 1.475 casos registrados em 2024, no mesmo período. Mesmo assim, o estado ainda é um dos 16 municípios prioritários do PNEM, com metas de eliminação da transmissão até 2035.

A preocupação com o cenário amazônico — onde se concentra mais de 99% dos casos de malária no Brasil — levou à instalação da Frente Parlamentar pela Malária em Brasília, com participação ativa do ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Durante o lançamento, o governo federal reforçou o compromisso de executar microplanejamentos locais, capacitação de equipes em entomologia, ampliação de testes rápidos e intensificação do controle vetorial em municípios como Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Porto Walter e Tarauacá.

Entre as estratégias em curso estão a utilização da tafenoquina — medicamento de dose única contra a malária por Plasmodium vivax — e a distribuição de mosquiteiros impregnados de inseticida, além de investimentos na produção de insumos pelo SUS e treinamentos contínuos das equipes de campo.

A malária, embora tenha apresentado queda em escala nacional, ainda representa um desafio para estados da região Norte. Fatores como o avanço do desmatamento, a mobilidade de populações em áreas de garimpo, as dificuldades de acesso em comunidades isoladas e a sazonalidade climática contribuem para manter o risco de transmissão elevado em zonas específicas.

A meta do governo federal é ambiciosa: reduzir os casos para menos de 68 mil até o final de 2025, eliminar a transmissão do tipo P. falciparum até 2030 e erradicar completamente a malária até 2035. Para isso, as ações estão sendo descentralizadas e regionalizadas, com foco especial nos municípios da Amazônia Legal, onde o Acre desempenha papel estratégico.

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