Foto: Marcos Vicentti/Secom
O Ranking de Competitividade dos Estados 2025, divulgado pelo Centro de Liderança Pública (CLP), revela que a eficiência da máquina pública continua sendo um dos principais gargalos para o desenvolvimento regional no Brasil. O pilar, que tem peso de 10% na nota geral do índice, mede a capacidade dos governos estaduais de administrar recursos públicos, entregar serviços de qualidade e fortalecer a democracia por meio da meritocracia e da transparência.
O que mede a eficiência da máquina pública é um conjunto de indicadores que avaliam dimensões como o custo do Executivo, Legislativo e Judiciário em relação ao PIB, a eficiência do Judiciário e a produtividade de magistrados e servidores, a oferta de serviços digitais, a qualidade da informação contábil e fiscal, o índice de transparência, o prêmio salarial entre setor público e privado e o equilíbrio de gênero no serviço público e na remuneração.
Esses fatores, monitorados por órgãos como CNJ, IBGE, CGU e Tesouro Nacional, buscam medir a capacidade dos governos de reduzir burocracias, melhorar a gestão de pessoal e ampliar a qualidade dos serviços prestados à população.
Na comparação nacional, Rio Grande do Sul lidera o ranking de eficiência da máquina pública em 2025, seguido de São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Estados da Região Norte e Nordeste, em contrapartida, seguem nas últimas posições, reforçando a desigualdade regional no desempenho da gestão pública.
Enquanto estados do Sul e Sudeste conseguem maior profissionalização e digitalização de serviços, regiões periféricas ainda enfrentam custos altos, baixa produtividade e gargalos históricos na gestão.
O Acre no Ranking: queda e estagnação
No caso do Acre, os números revelam uma trajetória preocupante. Em 2024, o Estado ocupava a 21ª posição entre as 27 unidades federativas. Em 2025, caiu para o 22º lugar, ficando à frente apenas de Alagoas, Roraima, Amapá, Maranhão e Pará.
A série histórica mostra que o estado raramente ultrapassou a metade da tabela na última década. Em 2015, estava em 22º lugar; entre 2017 e 2019 chegou à 23ª posição; e, desde então, oscilou entre 21º e 26º, revelando dificuldades persistentes na profissionalização do serviço público. O desempenho confirma um padrão de estagnação, no qual os avanços são pontuais e rapidamente neutralizados pelos gargalos estruturais da administração pública acreana.
O que explica o baixo desempenho do Acre está relacionado a alguns fatores centrais. Um deles é o alto custo do setor público em relação ao PIB estadual, o que pressiona as contas e reduz espaço para investimentos.
Outro ponto é a baixa digitalização de serviços, que limita a transparência e dificulta o acesso da população. Soma-se a isso a gestão de pessoal com baixa meritocracia, ainda marcada pela influência política em nomeações.
Há também a falta de equilíbrio entre remuneração pública e privada, criando distorções salariais que pesam nos cofres do estado. Além disso, persistem deficiências no equilíbrio de gênero no setor público, tanto no acesso a cargos quanto na remuneração.
O levantamento aponta ainda que a melhora da posição do Acre no ranking depende de fortalecer políticas de governo digital, ampliando os serviços online. Também é necessário investir em profissionalização e meritocracia no serviço público, reduzindo indicações políticas.
Outro caminho é ampliar a transparência fiscal e contábil, garantindo maior controle social. Por fim, reduzir custos administrativos e melhorar a eficiência do Judiciário e do Legislativo é considerado essencial para mudar o cenário atual.