Estamos vivenciando um mundo cada vez mais líquido, mais superficial,
De relações moldadas na individualização existencial,
Onde relações imanentes dão lugar a relações inconstantes, vulneráveis,
E onde os amores sólidos cedem lugar a amores instáveis.
Há um termo denominado “amores líquidos”, revelado pelo sociólogo Zygmunt Bauman,
que evidencia e descreve, de forma assertiva, as relações humanas na atualidade:
“Relações caracterizadas pela fluidez e pela fragilidade dos laços afetivos,
Cada vez mais voláteis, menos duradouros e mais suscetíveis às influências externas”.
Uma das suas mais famosas frases é: “as relações escorrem entre os dedos”,
Ou seja, são relações que se esvaem como água, com facilidade, sendo totalmente perenes, sem forma, sem real existência.
As relações escapam do nosso controle, e ficam sujeitas às vulnerabilidades e instabilidades da vida,
Onde qualquer tempestade que se apresenta é capaz de levar “a casa”/relação, firmada na areia, correnteza abaixo.
São tempos difíceis, de conexões humanas que existem por um fio, sujeitas a rupturas constantes,
E que exigem readaptações e mudanças a todo instante,
O que tornam os dias vividos muito desgastantes e conflitantes.
Ah quantos desafios essa liquidez e fluidez de afetos e sentimentos carregam dentro de si!
Desafios emocionais frequentes, pois estamos sempre diante da efemeridade das conexões, da falta de estabilidade, que inquieta a mente diante do futuro incerto.
Com tantas mudanças pelo caminho, com tantos altos e baixos, com essa montanha russa de sentimentos e emoções:
É preciso se reinventar e se reconstruir sempre diante das iminentes mudanças nas relações voláteis e inconstantes com as estações do ano são:
Ora o outono,
Estação da renovação da pele da alma, e preparação para novos ciclos;
Ora o inverno,
Estação para recolher a alma da frieza de sentimentos do mundo;
Ora Primavera em flor,
Estação do florescer do amor;
Ora o verão,
Estação cujos raios de sol aquecerão o coração e alma com a energia renovada da esperança por dias mais quentes, mais cheios de vigor e fulgor.
Nesse turbilhão de relacionamentos e conexões líquidas, não podemos nos perder nas inconstâncias das marés que se manifestam,
E devemos buscar ancorar e encontrar equilíbrio dentro de nós mesmos, na nossa solitude, e cultivar e zelar a verdadeira essência e a resiliência emocional;
Viver o presente de forma intensa, e nos adaptar com flexibilidade e sensibilidade ao momento atual,
Sem perder de vista a necessidade de firmar laços mais fortalecidos e amadurecidos em meio às superficialidades e às trivialidades existentes hoje em dia.
Impera o egoísmo, a individualização, o bem-estar individual,
Onde só anseiam pela melhor parte, somente,
E o que não agrada, o que aflige, a ideia buscada é descartar, ignorar, deixar de lado,
Esquecida no quarto do “individualismo” cego.
A balança entre vontades é desequilibrada, onde somente uma vontade prevalecerá,
A do inflexível, daquele que busca a felicidade de si, e a satisfação única de seus desejos e sonhos,
E cai na mesmice dos sentimentos líquidos e rasos.
É hora de repensarmos nas relações e vínculos firmados,
Repensarmos onde estamos ancorando nossos corações e almas!
Temos urgência em relações e conexões de qualidade,
Mais sólidas em meio à fluidez do mundo em instabilidade, perdido nas suas individualidades.

