“Para a política o homem é um meio; para a moral é um fim. A revolução do futuro será o triunfo da moral sobre a política.”
(Ernest Renan)
A POLÍTICA QUE CONVÉM
O prefeito Tião Bocalom diz que a greve dos educadores tem “caráter político”. A velha ladainha de sempre para descredibilizar o movimento e posar de vítima. Na tentativa de inverter os papéis, o Executivo tenta parecer o lado mais frágil da história — justo ele, que controla os cofres, as nomeações e os microfones. Quando o servidor protesta, é “político”. Mas quando a gestão ignora direitos, omite propostas e terceiriza a culpa, aí é o quê? Boa governança?
POLÍTICA POR POLÍTICA
Se protestar virou sinônimo de politicagem, governar sem escutar virou o quê? Ativismo administrativo? Gestão por decreto? No mínimo, é escolher o embate e chamar de diálogo.
CRIANÇA USADA COMO ESCUDO
O vice-prefeito e secretário de Educação, Alysson Bestene, diz que a greve é “precipitada” e que o impacto cai nas costas das crianças e das famílias. Verdade! Mas o que também pesa nas costas das famílias é a falta de proposta concreta, o empurra-empurra da gestão e a ausência de respeito com quem educa.
NÃO COLA
Usar aluno como escudo emocional não cola quando o quadro-negro tá vazio por culpa do descaso — e não da categoria.
PROTESTO NA PORTA DA CÂMARA
Nesta terça-feira, 27,a categoria da educação promete lotar a frente da Câmara Municipal de Rio Branco para lembrar que direito não se mendiga — se exige. O protesto da categoria é mais do que pressão — é um alerta: quando a política se cala diante da educação, o que resta é o povo ocupar o espaço que lhe foi negado.
MAILZA NA PISTA
A vice-governadora Mailza Assis já se movimenta como pré-candidata. Tem o sinal verde de Gladson Cameli e o desejo de disputar, o que já a coloca na largada. Mas se quiser deslanchar, vai precisar mais que boa vontade: falta articulação política, visibilidade real e — principalmente — uma equipe que saiba fazer campanha pra valer. Sozinha e travada em entrevistas, não basta ser nome da casa. Tem que mostrar que aguenta o peso da cabeça de chapa.
JOGO SÓ COMEÇA COM GENTE NO CAMPO
Ainda é cedo pra apontar quem sobe a rampa do Palácio Rio Branco em 2026. Mailza quer, Gladson banca, mas o eleitor ainda não reagiu. Na prática, o jogo não começou. E quem chega desacompanhada, sem discurso pronto e sem time afinado, corre o risco de virar figurante antes mesmo do apito inicial.
ALAN CRESCE NA SOMBRA DE MAILZA
Com ou sem bênção do Palácio, o senador Alan Rick (UB) avança como nome forte na corrida pelo governo. Enquanto Mailza ainda tenta se soltar das amarras institucionais e achar o tom fora do gabinete, Alan já testa discurso afinado e circula no varejo político. Gladson banca a vice, mas o eleitorado parece mais curioso com quem já mostra apetite. Se depender da rua — e não do gabinete —, a disputa pode surpreender antes do esperado.
EMERGÊNCIA PREVISÍVEL
Todo ano é a mesma coisa: os vírus chegam, os leitos somem e o governo finge que foi pego de surpresa. A diferença de 2025 é que, desta vez, precisou decretar emergência em saúde pública. E a pergunta que fica: a emergência é do vírus ou da gestão?
LEITO INFANTIL E GANBIARRA OFICIAL
O Hospital da Criança virou o último reduto da dignidade. De 20 e poucos leitos, pulou para 70, tudo na base da força-tarefa. E pensar que o tal “planejamento estratégico” da saúde não previu o óbvio: que criança também respira e também adoece.
CURTO-CIRCUITO NA PREVENÇÃO
Sabe o que é mais grave do que a superlotação das UTIs? É o governo descobrir, só agora, que não tinha plano nenhum para surtos respiratórios. Parece que só lembram que criança fica gripada quando o oxigênio começa a faltar.
PETECÃO NÃO LARGA O OSSO FÁCIL
Quem aposta na aposentadoria política de Sérgio Petecão (PSD) pode estar cantando vitória antes da hora. O senador já foi dado como carta fora do baralho mais de uma vez — e voltou eleito. Não aparece bem nas pesquisas, é verdade, mas conhece o terreno, sabe farejar voto e tem um faro político que já calou muita boca apressada. E tem mais: eleição no Acre é corrida longa. E Petecão, todo mundo sabe, não é de morrer na praia.
A VAGA, O VEREDITO E O VOTO
Se Gladson escapar ileso do STJ, ganha fôlego para disputar — e com chance real — uma das duas cadeiras ao Senado em 2026. A segunda, no entanto, tende a ser palco de uma disputa bruta, sem espaço para amadorismo. Petecão tenta se manter no jogo, Mara Rocha corre por fora, mas é sobre Jorge Viana que recaem as apostas mais silenciosas e consistentes.
FACA NA BOTA
O ex-governador não precisa gritar para ser ouvido — tem estrutura, recall e tempo. E em política, às vezes, o que decide a eleição não é o barulho, é o momento certo de reaparecer com elegância e faca na bota.
PADRINHO VIRA PUXADOR
Se for absolvido, Gladson Cameli deixará de ser o cabo eleitoral dos outros para se tornar protagonista na urna. Não estará mais no palanque empurrando nomes — estará na disputa puxando voto. E nesse novo tabuleiro, quem se preparava para herdar capital político pode acabar ficando só com o discurso.
JORGE JOGA XADREZ, NÃO DOMINÓ
Enquanto os adversários testam nomes e jogam a popularidade no ventilador, Jorge Viana observa — em silêncio, mas não em inércia. Se decidir entrar no jogo pelo Senado, entra grande: tem lastro, conhece o ritmo das urnas e sabe fazer política sem precisar de holofote. O PT pode não ser mais onda, mas Jorge continua sendo âncora. E numa eleição de ruídos, quem fala baixo costuma ser o mais perigoso.
Até a próxima, leitor!