Com 85% de seu território preservado, o Acre tem na apicultura uma das atividades mais estratégicas para gerar renda, conservar o meio ambiente e se destacar na nova economia da floresta em pé.
Nos discursos oficiais, o Acre é sempre citado como exemplo de preservação. Com mais de 85% da cobertura florestal original ainda intacta, o estado aparece em relatórios internacionais como referência em conservação. Mas quando o assunto é transformar essa floresta em oportunidade concreta para quem vive nela, a realidade muda de tom.
É nesse cenário que a apicultura emerge como símbolo da bioeconomia amazônica. Sem necessidade de desmatamento, com impacto ambiental praticamente nulo e alto valor agregado, a produção de mel é uma das atividades mais coerentes com a promessa de uma Amazônia viva, que gera renda e mantém sua floresta de pé.
“O mundo inteiro fala de bioeconomia. Aqui no Acre, ela já existe. Está no trabalho dos nossos apicultores, que produzem alimento a partir da floresta sem derrubar uma árvore”, afirma Hamilton Hosbach, liderança reconhecida no setor.
O que falta, segundo ele, é enxergar a apicultura como política estratégica — e não apenas como atividade complementar. Com investimento em formação técnica, crédito rural, pesquisa, certificação e acesso ao mercado, o mel acreano pode ocupar prateleiras internacionais como produto sustentável de origem amazônica, com rastreabilidade e valor agregado.
A produção de mel também gera um impacto positivo indireto: ela fortalece a cultura de preservação. “O produtor que cria abelhas preserva as matas ao redor. Ele precisa do ambiente saudável, do equilíbrio ecológico. Isso cria uma relação virtuosa com a floresta”, explica um engenheiro agrônomo da SEAGRI.
Outra vantagem é a possibilidade de integração com outras cadeias produtivas. A apicultura pode coexistir com o extrativismo, com o turismo ecológico, com a produção de frutas nativas e até com projetos de crédito de carbono. O Acre já tem o cenário ideal. Só falta tornar essa estratégia uma prioridade real dentro da política de desenvolvimento do estado.