O vereador Neném Almeida (MDB) fez duras críticas à forma como a Prefeitura de Rio Branco vem conduzindo a adesão ao programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal. Em um discurso na Câmara Municipal, o parlamentar acusou o prefeito Tião Bocalom de omitir a origem dos recursos, atribuindo à gestão municipal ações que, segundo ele, são inteiramente financiadas pela União.
De acordo com o vereador, o governo federal está destinando recursos para a construção de mais de 2.400 unidades habitacionais em todo o Acre, sendo 688 delas só para o município de Rio Branco. O investimento previsto por parte da União, segundo o vereador, é de até R$ 150 mil por unidade, enquanto a contrapartida da prefeitura seria de apenas R$ 20 mil por casa ou apartamento.
“Mesmo com essa contrapartida mínima, o prefeito não está fazendo todas as casas que o governo federal está oferecendo. Por quê? Por vaidade. Porque não quer que o presidente Lula apareça na foto. Isso é brincar com a necessidade do povo, especialmente dos que estão em áreas de risco e alagamento”, criticou o vereador.
Para o parlamentar, essa postura representa um prejuízo direto à população vulnerável, especialmente os atingidos por alagações, que poderiam ser realocados com dignidade por meio do programa habitacional. Ele destacou ainda que, ao aderir plenamente ao programa, a prefeitura teria ganhos indiretos com a arrecadação de impostos, como o ISS (Imposto Sobre Serviços), que pode gerar retorno de mais de R$ 11 milhões aos cofres municipais — valor próximo ou até superior à própria contrapartida que seria investida.
“O prefeito parece não gostar do pai”
Num tom provocativo, Neném Almeida ironizou a relação política do prefeito com o governo federal, comparando a postura do gestor à personagem Maria de Fátima, da novela Vale Tudo, que renegava a mãe para conquistar ascensão social.
“O pai do prefeito é o Lula, porque é ele quem está mandando os recursos pra cá. Mas ele parece ser aquele filho que não gosta do pai. Essa vaidade está impedindo que o dinheiro chegue a quem mais precisa”, disse, arrancando reações entre os colegas de plenário.
O vereador reforçou que, apesar de ser do MDB, não tem compromisso com disputas partidárias, mas sim com a população. Ele defendeu que os vereadores se posicionem de forma institucional em relação à adesão integral ao Minha Casa Minha Vida, e cobrou mais transparência da prefeitura sobre os convênios firmados com a Caixa Econômica Federal.
Emprego, moradia e economia local
Além da questão habitacional, Neném Almeida também destacou que a construção dessas unidades geraria emprego direto, estimularia a cadeia da construção civil e ajudaria a aumentar a circulação de renda na capital. “A obra aquece a economia, dá trabalho para quem está parado, movimenta o comércio e ajuda o município a crescer. Então por que não aproveitar essa oportunidade?”, questionou.
O vereador encerrou sua fala afirmando que recursos federais estão sendo perdidos por falta de interesse ou articulação política, e que essa postura pode comprometer o futuro da cidade. Ele defendeu que questões partidárias não devem estar acima das necessidades da população, especialmente em um cenário de vulnerabilidade social acentuada.
