Foto: Sérgio Vale
Ana Cleide, 39 anos, teria alertado sobre infecção e clamado por atendimento antes de morrer com a filha no útero: “ninguém escutava”, relatou em áudios à família.
A morte de uma gestante de 39 anos na maternidade do Hospital Regional de Cruzeiro do Sul voltou a acender o alerta sobre a crise na saúde pública do Acre. Ana Cleide Cruz de Souza estava grávida de uma menina com sete meses de gestação e faleceu após seis dias internada, segundo denúncia feita na quarta-feira, 21, pelo deputado estadual Edvaldo Magalhães (PCdoB) no plenário da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac).
De acordo com o parlamentar, Ana Cleide deu entrada na unidade na quinta-feira passada, 15 de maio, após o rompimento da bolsa. Desde então, teria enviado áudios à família relatando dores intensas, suspeita de infecção e, sobretudo, a sensação de que seus apelos estavam sendo ignorados pela equipe médica.
“Ela dizia nos áudios que estava muito mal, que precisava ser operada, que ninguém a ouvia. Ontem ela morreu, com a filha ainda no ventre, sem a intervenção necessária”, denunciou Edvaldo, visivelmente abalado.
O caso foi tratado pelo deputado como parte de uma escalada da crise na saúde pública do estado. Na semana anterior, o parlamentar já havia relatado o caso de um menino em Feijó que sofreu ferimentos graves após cair sobre uma estrutura metálica e recebeu apenas dipirona como tratamento.
“Não é sobre politizar. É sobre impedir que essas tragédias virem rotina. Não podemos normalizar mães morrendo dentro de maternidades pedindo socorro”, reforçou.
Em um gesto simbólico, Edvaldo solicitou ao presidente da Casa, Pedro Longo (PDT), que acione diretamente o procurador-geral do Ministério Público do Acre, Danilo Lovisaro, para uma reunião urgente com os parlamentares e a Promotoria Especializada em Saúde. A intenção, segundo o deputado, é promover um debate institucional com órgãos de controle antes que novas mortes aconteçam.
“Não quero chamar o secretário de Saúde. A conversa agora precisa ser com quem pode agir de forma concreta. Ou o Ministério Público entra nessa história, ou mais vidas serão perdidas. A omissão está custando caro demais.”
