O vereador André Kamai (PT) utilizou seu tempo no plenário da Câmara de Rio Branco, na quinta-feira, 16, para fazer duras críticas à condução da sessão que aprovou o empréstimo de R$ 67 milhões solicitado pela Prefeitura para aquisição de ônibus. Em um discurso firme, sarcástico e técnico, Kamai denunciou a falta de transparência, ausência de planejamento e a exclusão deliberada da oposição, da imprensa e da população do debate.
“Essa Casa fez uma escolha: a de fazer nas escuras. A de passar o carro por cima da democracia. E mais uma vez, a base preferiu o atalho ao debate”, disse ao reforçar ainda que a suspensão da sessão com quórum formado e a retomada sem aviso adequado foram ações premeditadas da base governista, com o objetivo de impedir qualquer questionamento sobre os detalhes do projeto. “Recebemos a convocação faltando minutos para a sessão. Mesmo se conseguíssemos chegar, nada mudaria. Já tinham decidido passar o trator.”
Kamai foi enfático ao afirmar que o problema não está no empréstimo em si, mas na ausência de um plano claro de gestão para os veículos que serão adquiridos. Ele criticou a prefeitura por tratar a compra como um fim em si mesmo, ignorando o fato de que os ônibus só fazem sentido se inseridos numa política pública consistente de transporte coletivo. “A prefeitura não é uma agência financeira e nem uma garagem de carro. O que será feito com esses ônibus? Quem vai gerir? Onde está o plano?”
Ele também questionou a ausência de um relatório técnico da Comissão de Transporte, acusando omissão deliberada no processo. “O relatório conjunto das comissões tem jurídico e financeiro. Mas não tem o essencial: a parte técnica. Foi omisso, foi incompleto.”
Kamai ironizou ainda a condução política do processo e acusou o secretário Jonathan Santiago de ser o verdadeiro líder da Câmara. “Coloquem mais uma cadeira aqui. Para o 22º vereador, que é o doutor Jonathan Santiago. Já vi líder mandar, mas desse jeito, nunca vi.”
A fala provocou reações em plenário e reafirmou a percepção de parte da oposição de que o Legislativo estaria sob influência direta do Executivo municipal, com pouco ou nenhum espaço para autonomia dos parlamentares.
